sábado, 4 de fevereiro de 2012

Top 10 do mundo, Álvaro de Miranda, o Doda, revela sua tragetória


Doda e seu AD Ashleigh, carinhosamente apelidado de Dan, no galope da vitória no GP do Global Champions Tour 2011 no Catar; foto: GCT - Stefano Grasso

Top 10 do mundo, Álvaro de Miranda, o Doda, revela sua tragetória
São três décadas dedicadas ao hipismo. Na área top 10 do mundo, Álvaro Affonso de Miranda Neto, o Doda, comemora 39 anos em 5 de fevereiro e atravessa a melhor fase em sua carreira na 10ª colocação no ranking da Federação Equestre Internacional (FEI) divulgado em 31/1/2012
Vencedor desde as categorias de base, o cavaleiro paulista tetracampeão brasileiro senior se mudou efetivamente para Europa em 1995. No entanto, a mudança visando o circuito top do mundo não o impediu de cumprir seu objetivo de divulgar o melhor do hipismo no Brasil com a realização do Athina Onassis Horse Show, proporcionando aos fãs do esporte a oportunidade ver em pista a elite do salto mundial. O evento que leva o nome de sua esposa, a amazona grega Athina, patronesse do evento máximo do esporte nas Américas, esse ano chega a sua 6ª edição e pela quarta vez consecutiva acontece no Rio de Janeiro.

O palco do Athina Onassis Horse Show em 2011 na Sociedade Hípica Brasileira no Rio de Janeiro; foto: Alexandre Vidal

Em 2011, o casal passou a contar com um centro hípico próprio: AD Stables em Valkenswaard na Holanda. "Temos tudo o que um centro de treinamento de ponta precisa e os resultados estão comprovando isso. Não só comigo mas também com a Athina que vem evoluindo muito. Investimos em treinamento, bons cavalos e os resultados são a recompensa de todo o excepcional trabalho da equipe AD", ressalta Doda.
Em 2012, como não poderia deixar de ser, a grande meta do cavaleiro é defender o Brasil em Londres em busca de mais uma medalha olímpica. "Devo tudo ao meu pai que sempre coordenou minha carreira e sem ele eu nunca teria chegado onde cheguei", ressalta Doda, em entrevista à Confederação Brasileira de Hipismo, passando pelo início de sua carreira até os dias de hoje. Confira!
O hipismo é um esporte e um aprendizado para toda a vida. Onde e quando você começou a montar?
Eu comecei a montar com 10 anos no Clube Hípico de Santo Amaro em São Paulo. Quando era criança, por incrível que pareça, eu tinha medo de cavalos. Mas depois me apaixonei por eles e não parei mais!
Ao longo de sua carreira quem foram e são os seus principais instrutores?
Acho que todos os que passaram pela minha vida contribuíram pelo que sou hoje. Mathias Rodrigues da Silva, meu primeiro professor em Santo Amaro, depois vieram o Marcello Artiaga, Cel Renyldo Ferreira e Nelson Pessoa com quem conto até hoje e também com Jean Maurice Bonneau e Jos Lansink.
Existem mestres que a gente nunca esquece e certamente o coronel Renyldo, seu treinador por muitos anos ainda na juventude, é um deles. Em poucas palavras como você poderia descrever os ensinamentos desse grande mestre do hipismo?
O Coronel Renyldo sabe unir a técnica, educação, disciplina e fazer com que seus alunos tenham garra e determinação para buscar vitórias treinando e se dedicando ao esporte. Além disso treinava e ginasticava os cavalos como ninguém! Aprendi e aprendo muito com o Cel Renyldo: não só dentro das pistas, mas também como homem.
A seu ver, qual o principal ponto a ser observado para um iniciante do hipismo?
Acredito que seja o amor pelos cavalos. Depois disso, os pais analisam se o jovem tem um perfil de levar o hipismo como lazer ou profissionalmente. A partir deste momento, a dedicação, ambição e garra são primordiais. Também não podemos nunca esquecer que a humildade é a maior maneira de jamais deixar de aprender e ser sempre respeitado.




Doda mata as saudades de seu velho e grande companheiro Aspen, parceiro em duas conquistas olímpicas, em visita ao Haras Império Egípcio em dezembro de 2011; foto: arquivo pessoal

Cavalos adequados são importantes em qualquer momento e estágio da carreira. Por favor comente um pouco sobre alguns dos principais cavalos ao longo de sua carreira.
Cada um teve o seu momento importante. A confiança e o amor pelo esporte surgiram e se consolidaram com uma égua tordilha chamada Penumbra de 12 anos, literalmente meu anjo da guarda! O Bawani foi incrível, um anglo árabe pequeno com atitude de cavalo grande. Tive diversos títulos nas categorias Junior e Young Rider com ele e com certeza foi um cavalo que marcou a minha carreira lá no começo. Mais para frente o Aspen foi o cavalo que me projetou internacionalmente e se hoje sou o cavaleiro que sou devo muito a ele. Foi ele que me levou a participar das equipes brasileiras e conquistar importantes medalhas como os dois bronzes olímpicos em 1996 e 2000 e ouro no Pan Americano de Winnipeg em 1999.
Doda com seu Aspen nos Jogos Olímpicos de Atlanta em 1996: bronze por equipes e 8º no individual; foto: arquivo pessoal
Hoje conto com alguns importantes cavalos mas o destaque com certeza fica para o Dan (AD Ashleigh) e o Rahmannshof's Bogeno recém adquirido. O Dan é mais experiente e provavelmente será com ele que tentarei mais uma medalha olímpica. Ele tem muita força e bastante respeito, características importantíssimas em um cavalo de competição. Hoje formo um excelente conjunto com ele, nos conhecemos muito bem e temos tido ótimos resultados juntos.
Doda e Bogeno rumo à vitória no GP de La Coruña em 19/12/2011; foto: site oficial La Coruña
Os concursos de Salto na Europa são, sem dúvida, os mais acirrados no esporte. Em que ano foi a sua primeira temporada e quando você se mudou em definitivo para o continente europeu?
A minha primeira temporada foi em 1989 para saltar o Europeu de Juniores em Nuene na Holanda. Integrei a equipe ao lado de Rodrigo Pessoa, Bernardo Alves, Renato Junqueira e José Eduardo Reynoso, o Dudu. Depois retornei em 1990 para o Europeu de Juniores em Berlim na Alemanha formando um time junto com o Bernardo, Luciana Lossio e Ricardo Cunha.
Em 1992 saltei o Europeu de Young Riders em San Remo, Itália, ao lado do Rodrigo Sarmento e da Ana Eliza Aguiar. Finalmente, em 1995, me mudei em definitivo para a Bélgica para treinar com objetivo de uma vaga olímpica em Atlanta. Devo tudo isso ao meu pai que sempre coordenou minha carreira e sem ele eu nunca teria chegado onde cheguei.
Sempre presente, Ricardo Miranda, à esquerda, premia Doda durante o Athina Onassis Horse Show 2008 em São Paulo; foto: Alexandre Vidal

Já na Europa, outro grande mestre em sua carreira e de todos os principais cavaleiros que defendem o Brasil nas pistas internacional foi e continua sendo o Nelson Pessoa. Por favor comente também a importância desse mestre maior do hipismo mundial?
Temos o privilégio do Neco ser brasileiro e poder aprender muito com ele. Ele é, sem dúvida, um dos maiores cavaleiros e mestres de todos os tempos. Respeitado em toda a Europa foi ele quem abriu as portas do hipismo europeu para os cavaleiros brasileiros. Tenho o maior orgulho de poder montar e aprender com o Neco até hoje.
Vocês têm um novo centro hípico em Valkenswaard na Holanda. Comente um pouco sobre a estrutura e o dia a dia do trabalho.
A nossa estrutura é espetacular e a equipe de profissionais de altíssimo nível. Conseguimos ótimos cavalos e agora contamos com um grande cavaleiro e amigo na equipe, o Felipe Guinato, e o Jos Lansink, campeão mundial em Aachen 2006, que nos ajuda em alguns concursos.Temos tudo o que um centro de treinamento de ponta precisa e os resultados estão comprovando isso. Não só os meus mas também da Athina que vem evoluindo muito.


Doda em clique perfeito com seu AD Norson; foto: Alexandre Vidal
Dispomos de um excelente picadeiro coberto, uma pista de areia e uma de grama com tudo o que precisamos. Mas o que foi fundamental para a equipe A&D em 2011 foi o time que finalmente conseguimos montar. Este ano vamos achar mais dois cavalos de ponta para que o Felipe também possa ser mais um reforço para equipe brasileira. Nossos tratadores são excelentes, considerados entre os melhores do mundo. A equipe funciona como uma empresa e há muito trabalho para manter tudo funcionando bem. Enfim investimos em treinamento, bons cavalos e os resultados são a recompensa de todo o excepcional trabalho que a equipe AD vem fazendo.
Hoje você é o cavaleiro brasileiro melhor classificado no ranking da Rolex da Federação Equestre Internacional. Quais as suas metas para esse ano?
Estou muito feliz porque tem algum tempo que venho correndo atrás deste sonho de estar entre os 10 melhores do mundo. Não foi fácil chegar até aqui, mas o mais difícil e o meu maior desafio agora será conseguir manter e até mesmo melhorar esta posição. Vou trabalhar muito para isso e quem sabe terminar o ano entre os três melhores do mundo. Meu principal objetivo em 2012 é a Olimpíada de Londres e além, é claro, de uma boa participação no Athina Onassis Horse Show, de 24 a 26 de agosto, no Rio. Minha agenda é focada nas principais competições como etapas da Copa do Mundo, do Global Champions Tour e Copa das Nações.
Doda e seu Dan saltam para vitória no GP de Genebra em 11/12/2011; foto: FEI / Kit Houghton
O Bogeno é mais novo e ainda preciso de mais tempo com ele para ter um entrosamento tão bom quanto com o Dan. Mas ele também tem as características necessárias para ser um grande cavalo, já colhemos importantes resultados como GP de La Coruña e a cada dia sinto que estamos melhorando. Ele também é uma possibilidadepara os Jogos Olímpicos de Londres. Fico feliz em ter duas opções, isso me deixa mais tranquilo e confiante. Ambos podem defender bem o Brasil nos Jogos.
Doda e Athina durante reconhecimento na Sociedade Hípica Brasileira no evento que leva o nome da amazona; foto: Alexandre Vidal

Sua esposa Athina vem conquistando resultados cada vez mais importantes nas principais competições do hipismo mundial. Ela pode vir a representar a Grécia em Londres 2012?
A Athina foi uma das amazonas que mais evoluiu tecnicamente nos últimos anos. Ela está em uma excelente fase conquistando importantes classificações como o 6º lugar no GP e o título de melhor amazona do Internacional de Amsterdã nesse mês de janeiro. Acho que a Athina poderia saltar bem em Londres, mas o critério de classificação individual para Olimpíada é muito difícil, pois depende do ranking mundial. Vai ser difícil ela se classificar. Realmente uma pena, mas a Olimpíada no Rio de Janeiro certamente será sua estreia!
Athina com seu AD Crosshill: um conjunto em franca ascensão na elite do hipismo mundial; foto: GCT - Stefano Grasso
A vida na Europa muitas vezes não é fácil. O que você faz para driblar as saudades do Brasil?
Têm muitos brasileiros na região e gente está sempre fazendo coisas juntos. Uma vez por semana, jogamos futebol e fazemos um churrasco. É uma forma de matar um pouco a saudade do Brasil.
A cada final de semana você está em dos melhores concursos hípicos do mundo. Sobra tempo para outras formas de lazer?
Gosto de sair para jantar e também de ficar em casa, vendo filme e das reuniões com os amigos.
Sua filha Viviane já é uma apaixonada por hipismo. O Fernando, irmão da Vivi e que também mora com vocês, joga futebol. Você os incentiva a montar?
A Vivi tem montado bastante sim. Incentivo, mas deixo ela bem a vontade para fazer o que gosta. O Fê tem jogado bola e precisa se dedicar aos estudos pois é uma fase importante para ele na escola.
A jovem e apaixonada amazona Viviane em equilíbrio perfeito; foto: arquivo pessoal
 
 

O brasileiro Kaka, ídolo do futebol mundial, com Doda, Vivi e Fernando em clique para posterioridade; foto: arquivo pessoal

Hoje você, sem dúvida, é grande ídolo do hipismo brasileiro. Por favor deixe uma mensagem para os seus fãs.
Dedicação, determinação, garra e humildade. Vencedores sempre têm um plano e perdedores sempre uma desculpa.


Para finalizar, você gostaria de mencionar algo em especial?
Agradecer a todos (muitos) que me ajudaram a chegar onde estou e continuarei crescendo pois adoro apender e tenho muita fé em Deus.


Rédea Curta

Time do coração? Corinthians
Prato favorito na Europa e no Brasil? Churrasco
Um filme? O Gladiador
Um livro? Poder sem Limites (Anthony Robins)
Um ídolo? Meu pai, Ricardo Miranda
Um lugar? Marbella
Um sonho? Ouro olímpico no individual
Uma meta? Ouro olímpico no individual

Currículo Doda Miranda

2011
Campeão do GP do CSI5* de La Coruña ( Espanha)
Campeão do GP do CSI5*-W de Genebra ( Suíça)
3º colocado no Global Champions Tour
Campeão do CSI5*- W de Chanitlly ( França)
Campeão dos GPs de San Remo, na Itália, Bordeaux, na França e de Basel, na Suíça
Campeão do GP do Global Champions em Doha, no Catar
Campeão de um GP no CSI5* Chio Aachen, Alemanha
Integrante da equipe medalha de prata nos Jogos Pan-americanos 2011

Resumo geral e temporadas anteriores:

Duas medalhas de bronze por equipe nos Jogos Olímpicos de Sydney/2000 e Atlanta/1996
8º lugar individual nos Jogos Olímpicos de Atlanta
Mais de 80 vitórias em GPs Internacionais
4º lugar por equipes nos Jogos Equestres Mundial 2010
Três medalhas por equipe em Jogos Pan-Americanos (Ouro Winnipeg - Canadá em 1999 ; Prata em Guadalajara – México em 2011 ; Bronze Santo Domingo – República Dominicana em 2003)
Campeão do Derby de Valkenswaard - Holanda /2000
Campeão da Prova Visa Indoor - São Paulo/2000
Campeão do Concurso Intenacional do Rio de Janeiro/2000
Integrante da Equipe Brasileira no World Equestrian Games em Roma/98, ajudando a obter a classificação do Brasil para as Olímpiadas de Sydney/2000
Top 20 na Final da Volvo World Cup - 97 em Gotemburgo (SUE)
Troféu "Silver Whip" como melhor cavaleiro Sul-Americano nas seletivas para a Final da Volvo World Cup de 1997
Top 20 na Final da Volvo World Cup - 96, em Genebra (SUI)
Tetracampeão Brasileiro de Seniores 1996, 2001, 2003 e 2005
Campeão dos Concursos Internacionais de São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro,
Bicampeão Paulista Senior
Campeão do Troféu Eficiência Senior da FPH

Categoria "Young Rider" (18 a 21 anos)

Tetracampeão Brasileiro
Tricampeão Paulista
Medalha de Bronze no Campeonato Europeu
Tricampeão do Troféu Eficiência da FPH

Categoria "Junior" (14 a 18 anos)

Tetracampeão Paulista
Bicampeão Brasileiro
Campeão Sul-Americano
Tricampeão do Troféu Eficiência da FPH

Fonte: CBH - Carola May com MKT Mix Rio Samantha Leiras e Alice Furtado e colaboração: Luciola Barbosa; fotos: Alexandre Vidal, GCT - Stefano Grasso, História do Hipismo Brasileiro por Renyldo Ferreira e arquivo pessoal/cedidas

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